quarta-feira, 23 de junho de 2010

Heróis do Mar em destaque no museu


Hoje, destaque para os Heróis do Mar, banda com um dos maiores 'hits' do 'boom', "Amor", e que trabalhou durante quase uma década, legando-nos uma interessante carreira discográfica. Carlos Maria Trindade, teclista da banda, em entrevista: "Os Heróis estavam 20 anos à frente no seu conceito de recuperação dos valores humanistas do passado português".


5 comentários:

ARISTIDES DUARTE disse...

Sou frontal:
Discordo , totalmente, desta frase:
"Já agora, em tempo de Mundial de Futebol, o que não seria colocar bandeiras portuguesas à janela, há trinta anos..."
Eu comprei o LP dos Heróis do Mar , mal ele saiu.
Quem quiser ver bandeiras (enormes) de Portugal que veja imagens do 25 de Abril ou do 1.º de Maio de 1974.Portanto, ninguém disse, nunca, que as bandeiras de Portugal não se podiam usar. Esse é mais outro dos mitos. Tal como o de dizer ou escrever que os Heróis do Mar e outros surgiram contra a música de intervenção (mas está tudo parvo? A música de intervenção, em termos de divulgaçÂO e exposição pública, acabou em 25 de Novembro de 1975. O "boom" do rock português foi em 1980).
Eu não me revejo absolutamente nada nas bandeiras às janelas em época de Mundial de Futebol. Nunca poria uma bandeira à janela por esse motivo.
E sou (pelo menos considero-me) português, até à medula.

rc disse...

Mas temos de concordar que a situação actual é as pessoas enaltecerem o seu amor à pátria uncicamente nestas ocasiões. Também estamos a falar de um pais que tem 3 jornais diários desportivos mas mais vale vibrar com o pais nestas circunstâncias do que em nenhumas. Além disso a imagem do nosso país sai bastante valorizada internacionalmente com o futebol, quer se goste ou não do futebol temos de concordar com isso. Mourinho, Cristiano Ronaldo e outros nomes são bons embaixadores de portugal. O 25 de Abril de 1974 e o que se seguiu foi importante mas também houve alguma caça às bruxas. Embora uma ou outra das posições dos Heróis do Mar pudessem ser reprováveis [acredito que quisessem provocar algumas das mentalidades mais retrógadas da época]nada justificava o que aconteceu. Mas também era uma democracia recente o que explica muita coisa. O nosso pais tem muitas contradições e demonstrar o amor que se tem pela pátria nem sempre é bem visto.

rc disse...

Também não é mentira que foi um senhor brasileiro que levou muita gente a colocar a bandeira à sua janela. Ninguém diz que não se podia mas também eram raros os que o faziam.

ARISTIDES DUARTE disse...

"Ninguém diz que não se podia mas também eram raros os que o faziam"
diz o senhor rc.
Pois, claro que sim. Quem queria usava bandeiras e quem não queria não usava. Não era como agora (foi pior , muito pior, no Europeu) em que quem não punha parece que era anti-patriota. O que está certo é usar-se se quisermos ou não usarmos se não quisermos.
Sobre o amor pela pátria: eu já expliquei que me considero muito, muito português. Não tenho o mínimo amor pela bola, isso não.
E tenho andado a pregar aos peixinhos sobre a música portuguesa (no meu blog e outros fóruns) e , agora, chegam os das bandeirinhas que inventam mitos (como o que os Heróis do Mar e outros eram contra a música de intervenção- uma coisa que já tinha acabado há cinco anos, como expliquei ( aliás continuam a escrevê-lo na Blitz e não publicam as minhas cartas a contradizê-los)e eles é que têm razão.Depois, ainda usam como hino um tema dos Black Eyed Peas e eles é que são patriotas. Também se se perguntar aos da bola do que gostam de português deve ser Barreiros ou Carreira...Muito bom, mesmo...
Sobre o caso Heróis do Mar, eu segui essa polémica na época. O António Duarte, realmente levantou essa questão no jornal "Se7e" (ainda tenho esse número do jornal) , mas quanto a mim isso até beneficiou os Heróis do Mar e não os prejudicou. Também é necessário explicar aqui que o Pedro Ayres Magalhães pertenceu ao grupo de extrema-direita AXO, quando era estudante da Faculdade, o que até dava alguma razão a quem o criticava.Se ele não se tivesse metido na política , nada disso aconteceria, digo eu. O grande problema dos portugueses é que ninguém é político e vai-se a um café e só falam de política(nem que seja a dizer mal dos políticos).
Se , depois, se tenta argumentar, do género "mas , com essa conversa, tu também és político!!" ninguém assume ou muda de conversa. Estamos assim... Quero ver quando cortarem o 13.º mês o número de políticos a aumentar.

António Luís Cardoso disse...

Antes de mais, olá Aristides.

Tive uma resposta pronta à tarde para ti mas a rede de Internet resolveu não colaborar.

Entretanto, a 'conversa' aumentou, com o amigo rc.

Genericamente ia dizer que não queria dizer que não se usavam bandeiras em 80. Mal fora! Foi uma revolução para a democracia (pelo menos queremos acreditar que um dia assim será) e não para a anarquia. Na escola, nas entidades, nas cerimónias, lembro-me de as ver.

Mas tens de convir que, bandeira portuguesa à parte, demorou a reconciliarmo-nos com a história nacional. Nisso, o Carlos Maria Trindade tem toda a razão.

Lembro-me de um professor da faculdade referir que outro professor chegou a dar a Pré-História à luz da dialéctica hegeliana e/ou marxiana.

E lembro-me também de ouvir falar de militantes do PCP terem sido corridos à pedrada de uma aldeia de um familiar meu no Norte.

Ou de...

Houve exageros, parte a parte.

A distância que vai de 1975 a 1980 não é assim tão grande se nos lembrarmos que o Conselho da Revolução durou até então...

É certo que não havia abertura para grandes manifestações patrióticas das que há hoje.

Quer porque o Estado Novo usou e abusou delas, criando anti-corpos para as mesmas no pós-25 de abril, quer porque hoje dá-se a situação inversa: por tudo e por nada, uma bandeira nacional. Até em publicidade a tudo e mais alguma coisa.

Não deixa de ser verdade que quem não quer ser lobo não lhe veste a pele. Mas o "Sete" viu, estou em crer, fantasmas onde não existiam e os Heróis do Mar, primeiro, e o percurso de músicos como o Trindade e o Magalhães, depois, deram cabal resposta.

Ouvindo o primeiro álbum dos Heróis do Mar, percebe-se (percebo) o surgimento de um conceito que possibilita os Madredeus.

Essa história contra a música de intervenção é um disparate, concordo.

Mas ouve atrito... lembras-te que os chamados músicos de intervenção, como o próprio Zeca – fizeram afirmações que até levaram à provocação dos GNR no Rock Rendez-Vous – sentindo uma certa ocupação do espaço musical...

Como bem disse rc, era uma democracia recente e, de facto, temos um país cheio de contradições.

Tens absoluta razão no que dizes sobre a destituição das pessoas da política, embora no café todos saibam comentar...

Mas isso também é culpa do exemplo de muitos maus políticos que tivemos e vamos tendo.

Um abraço aos dois.

ALC

Nota: frontal, sempre! :)